O Zen e o Croissant

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


Aprender alguns poucos conceitos sobre o zen não é difícil. Praticantes de poucos meses assimilam frases e pensamentos que mestres do passado levaram décadas de prática para enunciar. No entanto, praticar o zen não é fácil.

Há alguns meses aprendi uma receita de croissant. Não foi difícil aprendê-la. Porém executá-la com perfeição é bastante difícil. Eu não consigo. Certamente quem escreveu a receita consegue fazer um croissant bastante bom, mas não porque leu a receita e a executou com perfeição logo da primeira vez. Levou anos de prática repetida para fazê-lo.

Não é difícil sentar mais ou menos em zazen. Mas sentar exatamente em zazen-shikantaza é bastante difícil. Eu não consigo. Não é preciso mais do que poucos parágrafos para explicar como sentar em zazen. Mas aprender a sentar exatamente é tarefa para uma vida inteira.

Na China, havia um monge Zen, chamado mestre Dori, que, por fazer zazen empoleirado num pinheiro pára-sol, fora alcunhado de mestre Ninho de Passarinho Um poeta muito célebre, Sakuraten, foi visitá-lo e, ao vê-lo fazer zazen, disse-lhe:
"Tomai cuidado, que isso é perigoso; podereis, um dia, cair do pinheiro!"
"De maneira nenhuma," respondeu mestre Dori. "Vós é que correis perigo de um dia cair."
Sakuraten refletiu. "Com efeito, vivo dominado por paixão, é como brincar com o raio". E perguntou ao mestre Zen:
"Qual é a verdadeira essência do budismo?"
Mestre Dori respondeu:
"Não façais nada violento, praticai somente o aquilo que é justo e equilibrado."
"Mas até uma criança de três anos sabe disso!" exclamou o poeta.
"Sim, mas é uma coisa difícil de ser praticada até mesmo por um velho de oitenta anos..." completou o mestre.

3 comentários:

Unknown disse...

noa

Tiago Moreno disse...

onde estás, joão? sinto falta de suas reflexões!

abraço

Jōken disse...

Está tudo bem por aqui, em breve voltarei a postar :)