Impermanência das sensações

terça-feira, 30 de dezembro de 2008


Poucas coisas são tão impermanentes quanto as sensações. Em um momento eu sinto cheiro de laranja. No momento seguinte eu sinto cheiro de café. No outro momento eu não sinto nenhum cheiro. Para cada lado que eu olho vejo coisas diferentes. Quando fecho os olhos não vejo nada, ou vejo algo escuro. Quando eu teclo sinto o tato nos dedos. Quando eu caminho sinto o tato nos pés. Quando bebo água sinto o tato molhado na boca. Quando minhas pernas estão dormentes não sinto o tato. Em um momento ouço uma pessoa falando. Em outro momento ouço o barulho do ônibus. Com uma certa raridade só ouço minha respiração. Às vezes sinto gosto de tomate, outras vezes de arroz, e outras ainda não sinto gosto algum. Por vezes sinto dor, ouço um barulho desagradável, sinto um cheiro horrível, vejo algo terrível ou sinto um gosto repugnante.

Apesar da certeza da inconstância das sensações, quase sempre dou um valor exagerado à elas, buscando-as, e outras vezes fugindo delas e rejeitando-as. Perseguir ou fugir talvez não seja a maneira adequada de lidar com elas. Qual o sentido de apegar-se às sensações ou rejeitá-las se certamente elas irão passar?

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