Diáspora Tibetana

domingo, 15 de março de 2009

Cada vez fica mais claro que será muito difícil, senão impossível, que a China ceda qualquer coisa na questão tibetana. Eu mesmo, com um certo ceticismo egoísta, sempre achei a causa perdida, e até achava o Dalai Lama meio inocente e não-esclarecido por achar que havia possibilidade de negociação por uma autonomia significativa junto ao belicoso governo comunista chinês. Depois passei a admirá-lo pelo seu esforço por uma causa quase impossível, certamente com grande compaixão pelo imenso sofrimento dos tibetanos. Agora eu considero que, mesmo que não consiga nada, todos os dias S.S. vence a China, do ponto de vista ético, moral, da generosidade, da sabedoria e até histórico (a posteridade dirá).

Agora, a preservação da tradição tibetana, cada vez mais difícil em sua terra natal - que vem sendo sistematicamente colonizada por chineses, trazendo juntamente, à força, sua (neo-pseudo)cultura - depende em grande parte dos refugiados no exterior. Mais de 1000 refugiados conseguem escapar todos os anos chegando a Dharamsala, na Índia (onde está sediado o Governo Tibetano no exilio), após atravessar com imensa dificuldade as grandiosas montanhas do Himalaia, via Nepal, por poucas e perigosas passagens. Mais de 100 000 tibetanos vivem hoje no exílio. Mas talvez os que mais sofram sejam os tibetanos que continuam no Tibet, prisioneiros em sua própria terra.

Preservar integralmente uma cultura fora de sua terra é um feito dificílimo, do qual só se conhece um exemplo notável na história da humanidade: o dos judeus. No vídeo a seguir (em inglês), Dalai Lama fala da semelhança entre os tibetanos e os judeus, compartilhando do imenso sofrimento que este sofreram ao serem afastados de sua terra natal, das perseguições sistemáticas ao longo dos séculos, culminando na grande tragédia do Holocausto, à semelhança do sofrimento e da tragédia tibetana (estimam-se mais de 1,3 milhão de mortos em decorrência da invasão e repressão chinesa). Mesmo assim, num resultado altamente improvável, eu diria milagroso, os judeus conseguiram preservar sua cultura após quase 2000 anos afastados de sua terra natal. Visivelmente emocionado, Dalai Lama até brinca, pedindo que os líderes judeus com quem se encontrou lhe ensinassem alguma "técnica secreta" que eles guardassem.



Ficam aqui os votos para que a tradição tibetana possa ter longa vida, em sua terra natal ou longe dela, trazendo com ela, apesar da tragédia, benefícios para inúmeros seres.


Nota: O budismo tibetano também é praticado, em meio a culturas diferentes, em outros países, além dos países onde se encontram refugiados e adeptos. Notavelmente: Butão, Mongólia, Rússia e Nepal (que recentemente mudou de governo após anos de guerra civil provocada pelo partido comunista, de influência maoísta, partido este que inspirou um partido de igual caráter e intenções contra o pacífico Reino do Butão).

0 comentários: