Jôshin-san

terça-feira, 9 de junho de 2009

Hoje faz exatamente um ano que eu vi meu amigo Flávio (Jôshin) pela última vez. Foi no dia seguinte ao do meu casamento (na foto acima eu estou à esquerda e ele à direita). Lembro-me bem pois encontrei-o na Comunidade Zen Budista de Florianópolis, um dia antes de eu retornar ao Rio de Janeiro. No mês seguinte ele veio a falecer.

Naquela ocasião por sorte pude agradecê-lo pelo presente que ganhamos dele e de seu irmão Felipe, uma imagem de Buddha, em cor branca, muito bonita, que tenho como o presente mais precioso que ganhei no casamento. Assim que tiver uma oportunidade postarei uma foto dessa estátua de Buddha.

Todas as pessoas que conheceram Jôshin sabem de sua generosidade. Os exemplos dessa generosidade são muitos, certamente a grande maioria desconhecida de mim, mas posso dar meu próprio testemunho com facilidade. Sendo eu muito iniciante, Flávio me ajudou bastante pelo seu exemplo. Sendo sua estatura imensa, era impossível não notar seus movimentos e aprender com eles.

Pude participar com Flávio em dois sesshins (retiros). Apesar do voto de silêncio, nos sesshins as pessoas ficam muito próximas e amigas. Mesmo em silêncio, Flávio era sempre gentil e paciente, indicando o caminho e os passos para os iniciantes. Em uma dessas ocasiões tive a sorte de sentar a seu lado durante o oryoki (refeição formal na tradição zen). Sendo os movimentos da refeição formal muito complicados, Jôshin me ajudava fazendo seus próprios movimentos lentamente para que eu pudesse copiá-los. Ele fazia isso sem fazer eu me sentir mal por não saber realizar os movimentos, nem expressando o menor orgulho por saber realizá-los.

Eu nunca poderei retribuir Flávio pelo que ele me ensinou, e tenho certeza que ele nem esperava nada em troca pela sua generosidade. Eu não terei outra escolha senão tentar retribuir o mundo da melhor forma que eu puder pela oportunidade de ter conhecido Jôshin-san. Se eu conseguir levar adiante um pouco dessa generosidade, uma parte dele continuará sempre viva no mundo. E tenho certeza que ele continua vivo em muitos outros.

1 comentários:

Esteja Aqui e Agora... disse...

Compartilho do mesmo sentimento.

Gasshô, _/|\_