(De)Hierarquização das Pessoas e Seres

quarta-feira, 8 de julho de 2009

"Jesus Cristo ou Buddha, qual seria o maior, ou mais importante?". Na minha opinião, e pelo que sei do budismo, não há necessidade de se fazer nenhuma comparação desse tipo. Quem é maior ou menor, quem é mais importante ou menos importante, quem é superior ou inferior; essas são questões desnecessárias, não-importantes, e no fundo, sem sentido. Tem uma entrevista da Monja Coen Sensei em que ela conta sobre um sonho que teve sobre esse assunto.

Não há necessidade de nenhuma competição ou comparação. Isso não só entre Cristo e Buddha, mas entre qualquer pessoa. Ninguém deve se considerar superior, maior ou menor a ninguém. Quando quiseram apedrejar a mulher adúltera, Jesus Cristo disse: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”(João 8:7). Acusados pela própria consciência, ninguém se atreveu a continuar com a barbárie. Tampouco Jesus Cristo o fez, não por ser pecador, mas por não julgar e por perdoar, não se considerando superior aos outros, mas igual como Homem que também era.

Jesus Cristo também disse: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39). Veja que Cristo não diz "Ama teu próximo mais que a ti mesmo" ou "Ama a teu próximo menos que a ti mesmo". Ele conclama que não nos consideremos mais ou menos que os outros. E assim Cristo também o fez: “O meu mandamento é este (disse Jesus): Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”. (João 15:12)

Mais ainda que isso: Cristo diz “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam.” (Lc 6,27-28). Ou seja, não devemos nos considerar superiores a ninguém, ninguém mesmo. Ninguém deve ser deixado para trás. Já me vi inventando desculpas esfarrapadas para não levar esses ensinamentos em consideração. É verdade que é muito difícil de fazer isso. É muito mais fácil amar e gostar daqueles que nos amam. Mas como disse Santo Agostinho: "Se você acredita no que você gosta do evangelho, e rejeita o que você não gosta, não é no evangelho que você acredita, mas em você mesmo."

Ensinamentos análogos são encontrados no budismo, como no Karaniya Metta Sutta:

"Todos os seres vivos que existem,
fracos ou fortes, sem exceção,
compridos, grandes,
médios, curtos,
sutis, grosseiros,

Visíveis e invisíveis,
próximos e distantes,
nascidos e por nascer:
que todos os seres sejam felizes no coração.

Que ninguém engane
ou despreze outrem, em nenhum lugar,
ou devido à raiva ou má vontade
deseje que alguém sofra.

Tal qual uma mãe, colocando em risco a própria vida,
ama e protege o seu filho, o seu único filho,
da mesma forma, abraçando todos os seres,
cultive um coração sem limites.

Com amor bondade para todo o universo,
cultive um coração sem limites:
Acima, abaixo e em toda a volta,
desobstruído, livre da raiva e da má vontade."

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