A estranha linha entre o aprendizado e o ensino (II)

domingo, 27 de setembro de 2009

Estou escrevendo esse texto pois reli A estranha linha entre o aprendizado e o ensino, e achei que aquele pode possivelmente ser interpretado de algumas formas que eu não havia intencionado. Gostaria de tentar minimizar possíveis interpretações não intencionadas.


Primeiro, aquele texto não quer dizer que não há importância na relação professor-aluno / mestre-discípulo. Pelo contrário, gostaria de mostrar (talvez hesitante e tortuosamente) como é importante e sutil essa relação.

Segundo, o conteúdo daquele texto jamais deverá servir de pretexto para que um aluno não respeite o professor. Pelo contrário, o melhor é que o aluno sempre tenha o máximo respeito pelo professor. Se o aluno for orgulhoso o suficiente para não respeitar o professor, certamente será orgulhoso demais para aprender qualquer coisa.

Como eu sou somente um aluno, tenho muito pouco entendimento sobre o que um professor deve ensinar. Aquele texto tenta somente elaborar um pouco o que o aluno deve aprender.

Já li em algum lugar uma citação atribuída a Boddhidharma, que diz que somente uma pessoa em um milhão têm as condições necessárias para alcançar a iluminação sem um professor. A não ser que se queira jogar numa loteria de vida ou morte, o melhor a fazer é encontrar um professor o mais rapidamente o possível.

Quando eu digo que de certa forma nem o professor ensina, nem o aluno aprende, não quero dizer que não há trabalho da parte dos dois. Pelo contrário, o trabalho é ainda mais árduo por causa disso. O que eu quero dizer é que o aluno tem diversas visões errôneas, pré-concepções e pré-conceitos, muito difíceis de desfazer (desaprender). O trabalho do professor é ensinar técnicas e métodos para que o aluno possa desfazer esses nós. O trabalho do professor não é nem um pouco fácil. Isso porque diferentes alunos podem ter diferentes e complicados nós para desatar. O trabalho do aluno é desfazer os nós ele mesmo, pois os nós ficam dentro dele, onde o professor não pode alcançá-los.

Não basta ao aluno aprender a técnica de desatar os nós. Ele tem que aplicar a técnica com sucesso, desatando os nós, isso é o mais difícil. Depois disso ele poderia até jogar a técnica fora. Mas aí pode chegar a hora de um trabalho ainda mais nobre (e interminável): ensinar a técnica para outros.

0 comentários: