Sorte

domingo, 23 de novembro de 2008

Sou uma pessoa de muita sorte. Tenho uma boa família, uma boa esposa, bons pais, bons irmãos, bons amigos. Um bom emprego, um bom chefe, boa saúde.

O Livro de Jó, um dos mais belos da Bíblia, conta a história de um homem muito afortunado, com muitos bens, uma bela família, muitos amigos e uma excelente saúde. Jó era também um grande praticante da religião dos judeus, fiel e temente a Deus. Numa fantástica cena teatral, o Adversário desafia Deus a testar a fé de Jó. Jó perde os bens, os amigos (que eram falsos), a saúde. Até aí Jó aceita tudo com resignação. Por fim até a esposa deixa Jó, e então ele ousa questionar a vontade divina, contrapondo-a com sua própria vontade. Segue então um grande sermão de Deus, e por fim Jó aceita seu destino resignando-se à vontade divina.

Assim como a de Jó, minha sorte também irá acabar. Pessoas queridas irão embora. Posso perder o emprego, posso adoecer e até mesmo morrer. Não há barganha com a mortalidade, essa é uma certeza inexorável. Tive porém uma imensurável sorte de conhecer o Buddhismo e encontrar bons professores e amigos. O Buddhismo ensina a verdade da impermanência. Porém também ensina como lidar com ela, com a prática cotidiana. Se incessantemente praticar, a sorte de poder praticar pode nunca se escapar.

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