No fio da navalha

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008


Em 1974 o equilibrista francês Philippe Petit realizou uma perigosa travessura com um o auxílio de um grupo de cúmplices: atravessou, sem autorização, as recém construídas Torres Gêmeas do World Trade Center equilibrando-se em um fino cabo de aço. Quando policiais o convenceram a sair do fio, após 45 minutos e oito travessias, foi imediatamente preso.

Questionado por jornalistas o motivo de sua empreitada, respondeu apenas, para decepção dos repórteres: "Não teve um porquê."

Pouco depois foi liberado da prisão em um acordo com a prefeitura de Nova Iorque, pelo qual fez apresentações de equilibrismo em escolas. Recentemente foi lançado um documentário contando a história da aventura: Man on wire.

No Shobogenzo Zuimonki [Capítulo 2 Caso 3], Dôgen Zenji conta um caso igualmente interessante:
Noutro dia, os discípulos do Mestre Eisai comentaram com ele: "Cremos estar a localização deste monastério perto demais do Rio Kano, se houver uma inundação isto atingirá nosso monastério também."

Sobre isto, o Mestre teve algo a comentar: "Porque se preocupar com futuras calamidades? Por exemplo, do monastério de Jetavana na Índia sobram tão somente os alicerces. Contudo, nem por tal razão qualquer mérito de sua construção foi perdido. Que enorme não será o mérito de aqui praticarmos, seja ao menos um, ou meio ano!"

Desta conversa é possível chegar à conclusão que, sendo seguramente levantar um monastério o empreendimento mais importante de nossa vida, devemos nos preocupar com calamidades futuras. Porém, mesmo sabendo disto, o Mestre estava ciente do verdadeiro sentido de se erigir um monastério. Avaliemos então as palavras de Mestre Eisai."

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