Orgulho e Salvação

sábado, 18 de julho de 2009

Crédito da imagem: Gail Atkins

Pode haver um certo orgulho embutido na idéia de ser capaz de "salvar" a si mesmo e "salvar a todos os seres" (se o budismo tem um objetivo, esse seria a libertação, às vezes chamada meio livremente de salvação). Isso se eu pensar que eu teria algum mérito por causa disso. Mas de fato, qualquer suposto mérito nesse sentido teria que ser dividido com todos do mundo. Cada ação que eu tomo só é possível com o auxílio de toda uma rede interconectada de pessoas e seres. Por exemplo, milhares de pessoas trabalham para que eu tenha água e comida. Sem o auxílio delas, eu não poderia fazer nada, quanto mais tentar ajudar a mim mesmo e aos outros. Se milhares de pessoas no passado não tivessem tomado certas ações, eu não poderia estar aqui hoje. Se milhares de pessoas não tivessem carregado o Dharma desde o tempo do Buddha, eu não poderia estudá-lo hoje.

Portanto, cada pessoa tem que contribuir para sua própria "salvação" e salvação dos outros, sozinha e por si mesma, porém com todos, e graças a todos. Todos do mundo.

Cabe aqui também a seguinte história Zen, muito famosa, que cortarei pela metade:

Cerca de mil e quatrocentos anos atrás na China, o Imperador Wu se converteu ao Budismo. Ele começou mandando construir templos, encomendando a tradução de escrituras budistas e enviando missionários. Após muitos anos propagando o Budismo, ele ouviu falar de Bodhidharma, e convocou-o a uma reunião. Quando se encontraram, o Imperador Wu indagou:

- Eu fiz do Budismo a religião nacional. Eu construí inúmeras stupas e templos. Eu fiz com que as escrituras fossem traduzidas e sou responsável pela conversão de milhares de pessoas ao Budismo. Qual o mérito que eu obtive então?

Bodhidharma respondeu:

- Absolutamente nenhum mérito.
(...)

0 comentários: