Meditação sobre um campo florido

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Nada importante, infinitamente importante.

Mesmo depois que eu morrer, nada irá mudar.
O sol continuará nascendo, as primaveras virão.
As flores brotarão, os pássaros voarão no céu.
Os filhos de meus amigos brincarão nos gramados.

Certamente, daqui a mil anos, ninguém sentirá a minha falta.
Não sou nada importante.

Quando eu morrer, nada irá mudar. É verdade, pessoas próximas deverão sentir muito a minha falta. Nos separar daqueles que amamos é sofrimento, inevitável. Será muito triste, certamente muito triste.

Pensando bem, acho que eu sentiria falta até mesmo de sentir uma dorzinha no joelho. Até mesmo dos meus espirros.

Pensando melhor, quem haverá para sentir falta dessas coisas?

Só agora sinto falta por antecipação. Depois, não haverá ninguém para sentir falta disso.

É uma pena. É verdadeiramente muito triste. Mas acho que se pudesse, até mesmo da tristeza eu sentiria falta.

Dizer adeus a tudo, parece que será muito difícil. No entanto, também parece que tudo estará no seu devido lugar.

Talvez daqui a mil anos, alguém venha a ler esse exto. Talvez entenda o que eu quero dizer com ele. Talvez não. Mesmo se eu estivesse diante dele, será que ainda assim nos entenderíamos?

Biologicamente vivo ou morto, será que há mesmo muita diferença quando eu falo com alguém?

Quando eu falo com alguém, será que a pessoa me ouve mesmo? Quando alguém fala comigo, será que eu ouço a pessoa mesmo?

Às vezes sim, às vezes não. Às vezes parece que eu só falo comigo mesmo.

Mesmo sem que eu perceba, certamente há mil vozes de mil anos atrás escondidas nesse silêncio de agora.

Será que daqui a mil anos, alguém conseguirá nos ouvir no silêncio de um campo florido?

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