Mini-estudo sobre as possíveis ações de uma pessoa livre das amarras de seu próprio ego

sábado, 7 de novembro de 2009


Uma pessoa que não é amarrada aos desmandos de seu próprio ego dificilmente irá roubar / tomar o que não lhe é dado. Isso porque a ação "roubar" geralmente é causada por uma motivação egóica (eu quero isso, eu quero aquilo, preciso de dinheiro para comprar aquilo para mim, etc.)

Porém, é possível que a pessoa não roube por uma motivação egóica. Por exemplo, ela não rouba para obter alguma vantagem divina.

De fato, tecnicamente para a pessoa livre de amarras, "roubar" não existe, pois esse é um conceito totalmente artificial, baseado em relações de posse virtuais, de egos virtuais. A ação de cometer o roubo, no entanto, é altamente improvável, visto que não há qualquer motivação para a mesma.

Pelo contrário, há a motivação contrária ao roubo: se roubar, outras pessoas poderão sofrer (pois elas são apegadas aos conceitos "roubo, posse"), e além disso a pessoa que rouba com razoável probabilidade irá sofrer punições desnecessárias pelo roubo.

Não sendo amarrada ao próprio ego, a pessoa percebe que ferir outra pessoa é equivalente a ferir a si mesma. Assim, ela evita o que causa sofrimento a si ou aos outros.

Similarmente, uma pessoa que não é amarrada aos desmandos de seu próprio ego dificilmente irá mentir, ou prestar falso testemunho, ou falar algo que cause sofrimento a alguém. Isso porque essas ações geralmente são cometidas visando alguma vantagem para si mesmo, coisa que uma pessoa não amarrada ao ego dificilmente faria.

Também, uma pessoa livre das amarras de seu próprio ego dificilmente irá assassinar outra pessoa ou outro animal. Isso porque na quase totalidade das vezes essa ação é cometida por algum motivo egóico (como vingança, paixão, obtenção de vantagens, livrar-se de um incômido, gana alimentar e até autodefesa).

Estendendo esse raciocínio, quase todas as ações consideradas não-virtuosas pelo budismo e também por outras religiões tem sua origem em motivos egóicos, ou seja, motivos ilusórios.

Ações consideradas virtuosas, também surgem naturalmente da inexistência de amarras ao próprio ego. Por exemplo, a pessoa não amarrada ao próprio ego não têm dificuldade alguma em ser generosa, já que para ela não há diferença alguma se o dinheiro ou qualquer outra coisa estiver com ela ou com outra pessoa.

Uma pessoa sem amarras ao próprio ego não é influenciada por suas próprias preferências, ou até, não tem preferências. Assim, não discrimina uma pessoa da outra, não favorece uma pessoa em relação à outra, seja qual for o motivo: ela ajuda a quem precisa de ajuda, não importando o que possa ter acontecido no passado, ou a aparência da outra pessoa, ou seja o que for.

De alguns desses e de outros exemplos, e examinando minhas ações cotidianas, eu concluo que sou uma pessoa muito amarrada ao meu próprio ego, e portanto um prisioneiro de mim mesmo.

Vide também: Amarras

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