Quebrando seqüências de atos ruins

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009



Não é incomum que eu me ofenda com algo que alguém me diz. Muitas vezes minha reação impulsiva é responder com uma outra ofensa do mesmo tipo. Se eu julguei que a pessoa cometeu um erro ao me ofender, eu passo a cometer exatamente o mesmo erro ao ofendê-la, ou até pior: se supostamente eu sou capaz de distinguir o certo e o errado, considerando aquela ofensa como um ato errôneo, eu cometo um erro ainda maior ao optar deliberadamente por um ato errado.

Depois de algumas experiências desse tipo, vejo que o melhor a fazer é "engolir" a ofensa sempre que possível, sem guardar rancor*. Pode até doer muito naquele momento, mas acaba passando. Por outro lado, se eu rebater a ofensa, ou guardá-la, aquela seqüência de atos ruins se perpetua indefinidamente, causando sofrimento para todas as partes envolvidas. O melhor a fazer é quebrar aquela seqüência não-saudável tão logo que possível (se eu conseguisse agir assim, seria quase como um buraco negro, um sumidouro de ações prejudiciais).

O tradicional texto zen conhecido como Canto da Libertação – Shodoka diz:
“Se as pessoas ofenderem e difamarem você, deixe-os:
eles estão brincando com fogo, tentando queimar o céu.
Quando eu os ouço, suas palavras são gotas de néctar
que me mostram que esse momento está livre de conceituação.
Palavras ofensivas são bençãos disfarçadas,
e meus ofensores bons professores.
Esta mente tem espaço para difamação e ofensa
e é ela mesma compaixão e paciência sem originação.”

Espero não estar cometendo uma heresia, mas acho que posso entender um pouco mais o símbolo cristão da Paixão de Cristo: Cristo é o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo. Cristo foi cruelmente crucificado num ato terrível, mas Cristo não reagiu contra seus agressores na mesma moeda, pelo contrário: ofereceu-lhes seu perdão e a Paz de Cristo.

"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Lucas 23:34



* Pois se guardar rancor, ela pode retornar mais tarde ou até ser descontada em outra pessoa, que não tinha nada a ver com a situação original.

1 comentários:

Interesting Thoughts Dude disse...

Lendo seu post lembrei deste:
http://zen-budo.blogspot.com/2008/11/perto-de-tquio-vivia-um-grande-samurai.html

Gasho